Se para Rui Palmeira o problema é a Saúde, Vilela parece sofrer com a Educação.  Ao menos foi o que ele revelou num encontro, na última quinta-feira, com líderes empresariais na sede da Federação das Indústrias.

Perguntaram ao governador o que ele faria de diferente se começasse o governo agora: “eu mudaria na Educação”, resumiu.

Vilela, nas entrelinhas, se queixou do desempenho da Secretaria de Educação e disse que ficou devendo um grande mutirão para diminuir o analfabetismo em Alagoas. “Fui sendo absorvido pelos problemas do dia. Se pudesse ainda faria isso”, enfatizou.

Talvez porque tenha passado os últimos sete anos “entregando” a Educação para aliados  políticos,  Vilela decidiu nomear a nova secretária de Educação antes mesmo de realizar a convenção do PSDB. É um recado de que a Pasta não estaria a disposição.

No Diário Oficial do Estado desta segunda-feira,30, sai o ato de efetivação de Laudirege Fernandes Lima para a de Educação. Ela respondia pela Pasta e era Secretaria adjunta desde a exoneração de Josicleide Moura, ocorrida no mês passado. O governador também nomeou outras pessoas para cargos importantes da Pasta.

“Super Álvaro”

A nomeação de Laudirege reforça ainda mais a posição de Álvaro Machado. O chefe da Casa Civil ampliou sua influência no governo desde a saída dos outros “super” secretários – Marcos Fireman e Luiz Otávio Gomes.

A escolha da nova secretária foi feita a partir de recomendação de Machado, que passa a ter grande influência na Secretaria ao lado de Rogério Teófilo, ex-secretário da Educação e da Articulação Política e provável candidato a vice-governador na chapa do PSDB.

Apesar dos boatos persistentes das últimas horas sobre a posição do PSD de João Lyra e do PROS de Givaldo Carimbão, nada muda na Frente de Oposição. O grupo parece sólido mesmo diante de informações “seguras” sobre a desistência de um ou a indecisão do outro. .

O bicho vai pegar mesmo é no campo do governo, dividido em duas forças que prometem ir para o confronto.

De um lado o governador Teotonio Vilela Filho, do PSDB, que trabalha para consolidar tempo de TV para Eduardo Tavares e uma coligação mais confortável para Pedro Vilela. Do outro lado, o senador Benedito de Lira, do PP, que tenta evitar baixas no seu campo e ainda se esforça para pegar o apoio do DEM.

Até o final das convenções, que serão realizadas na próxima segunda-feira, 30, Biu e Téo vão disputar, segundo a segundo, não só o apoio do DEM, mas também do SD e o PPS.

As investidas serão feitas com todas as armas disponíveis. Vilela tentou, recentemente, atrair o PSB, numa espécie de “troco” à tentativa de Biu de seduzir o DEM.

Hoje, pelo que se sabe, PSB, PP e PR estão fechados com Biu e não abrem. Já Vilela teria, além do PSDB e PRB, conseguido “segurar” o DEM com a ajuda de Aécio Neves.

E porque os dois vão “brigar” até segunda-feira? Porque alguns partidos do “campo do governo” ainda não bateram o martelo – é o caso do DEM, do PPS e do Solidariedade.

O que está em jogo com essas duas legendas não é pouco. Juntos os três partidos somam dois minutos de TV, além de  votos preciosos que podem ajudar a eleger deputados estaduais e federais.

Para negociar, existem vagas de senador, vice governador, promessas de votos e ajuda financeira e  até de cargos. Resta saber quem leva a melhor nessa batalha.

O presidente da Assembleia Legislativa não será candidato a reeleição. O deputado estadual Fernando Toledo tem outros planos – entre eles, como já se sabe, a busca por uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado.

Mas ele acompanha de perto e com muito interesse a construção da coligação, até porque seu filho, Bruno, vai tentar ocupar essa vaga concorrendo pelo PSDB.

Mesmo sem conhecer detalhes, Toledo está confiante: “o governador disse que está tudo equacionado. Teremos tempo de televisão e uma coligação forte, tanto na majoritária, quanto na proporcional”, resume Fernando.

O presidente da ALE está confiante por conta da confiança passada pelo governador. “Apesar de não conhecer os pormenores, fiquei mais tranquilo depois de ouvir do governador que nossa chapa para proporcional está viabilizada, tanto para estadual quanto para federal. Acredito que até a próxima segunda-feira serão anunciados  os partidos com os quais faremos coligações. Vem surpresa por aí”, aponta.

Recesso parlamentar

Toledo está mobilizando os deputados para participar da sessão da Assembleia Legislativa na próxima segunda ou terça-feira, que deverá ser a última antes do recesso do meio de ano. “Só podemos entrar em recesso depois da aprovada LDO. Faremos um esforço concentrado e a votação já deve ocorrer logo no início da próxima semana”, resume.

Com a realização da audiência pública sobre a LDO, nesta sexta-feira, os deputados cumpriram todas as etapas necessárias e o projeto já pode ser apreciado no plenário.

A situação eleitoral não anda fácil no “campo do governo” – formado atualmente pelos blocos do Biu e do ET. Se antes sobravam candidatos ao Senado e faltavam vices, agora faltam candidatos a senador.

Depois da repentina e até agora não explicada mudança de Alexandre Toledo, que passou a figurar como vice de Benedito de Lira, a coligação liderada pelo PP ficou sem candidato ao Senado.

Na chapa de Eduardo Tavares, do PSDB, o vice deve ser mesmo Rogério  Teófilo, de Arapiraca. Nesse caso a candidato a deputado federal encarregada de arrebanhar votos no agreste seria a esposa dele, Lúcia, que, acreditam os tucanos,  seria muito bem votada na região.

Nesse  cenário, é de se perguntar: quem será que vai encarar a disputa pelo Senado ao lado de Benedito de Lira e de Eduardo Tavares?

É bom ressaltar que existem opções. Pelo menos dois nomes podem ou não ser escalados para entrar na partida: Omar Coelho do DEM e João Caldas do SDD. O problema é que no momento estas duas legendas precisam viabilizar, primeiro, as chapas de federal e de estadual.

 E o imbróglio das coligações proporcionais é maior do que se imagina. E por conta disso nenhum destes dois é candidato “hoje”. Mas segunda-feira, dia 30, último dia do prazo, a história é outra.