O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse à imprensa que a nota que emitiu, lavando as mãos, em relação a prisão de Delcídio Amaral, agradou a militância do partido. Pode até ter agrado. Mas não todos os petistas.
O deputado estadual Ronaldo Medeiros, do PT, classificou como “covarde” a virada de costas do seu partido para Delcídio Amaral.
“Ele pode até ter errado, mas o partido não poderia ter tomada essa atitude de covardia. Até dois dias atrás ele era útil e agora é ignorado, sem direito sequer a defesa? Isso não está nada certo”, reage Medeiros.
A prisão do senador, avalia o deputado, foi arbitrária: “rasgaram a Constituição”. Para ele, o Supremo se excedeu no episódio: “se a lei está errada, que mudem. Não podemos é ver a lei ser mudada por um ato do STF”, desabafa.
Oportunismo
Não é só Medeiros que pensa assim. O presidente do Senado, Renan Calheiros, considera a posição do PT como “oportunista e covarde”. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), classificou o documento como “oportunista e covarde”.
O senador criticou a postura da direção nacional do PT durante a votação que iria decidir manter ou revogar a prisão de Delcídio. “A nota do Partido dos Trabalhadores é intempestiva, oportunista e covarde”, disse, sob aplausos, no plenário.
Renan Calheiros acredita que o PT pré-julgou Delcídio. Outros senadores também critricaram a nota: “O tesoureiro do PT está preso e ele nunca abriu a boca para falar. O presidente do PT é um covarde”, disse Omar Aziz (PSD-AM), em referência a João Vaccari Neto, condenado a 15 anos de prisão pelo juiz Sergio Moro.
“O PT foi incapaz de perceber o valor parlamentar de Delcídio. Ele teve coragem de assumir a liderança de governo que os colegas não quiseram”, reagiu o senador Aloísio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Veja a nota:
O presidente Nacional do PT, perplexo com os fatos que ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral, tem a dizer o seguinte:
1- Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado;
2- Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade;
3- A presidência do PT estará convocando, em curto espaço de tempo, reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar medidas que a direção partidária julgar cabíveis.
Brasília, 25 de novembro de 2015
Rui Falcão