O governo mostrou poder de fogo, hoje, no lançamento do Brasil Mais Seguro. Casa cheia, o teatro Gustavo Leite foi palco de um espetáculo preparado por marqueteiros experientes.
O mestre de cerimônia, o ator Marcos Frota, demonstrava grande alegria, muita intimidade com o ministro – a quem chamou de “grande Zé” – e pouca intimidade com Alagoas.
O ministro da Justiça e o governador de Alagoas “abriram mão” do paletó e foram de camisa branca, para simbolizar a paz.
Foi um momento de festa. Decretos, convênios, editais e outras medidas marcaram a arrancada do plano no teatro, enquanto helicópteros e viaturas das forças estaduais e federais faziam um show a parte, “lá fora”, em vários bairros de Maceió.
Em meio a toda a pirotecnia, necessária para mostrar a que o jogo mudou, ouvi pelo rádio os discursos do ministro e do governador.
O “grande Zé” falou com “o coração” e convocou a sociedade alagoana a “abraçar” o plano que foi feito – “com determinação da presidente Dilma Rousseff”- para preservar a vida. A escolha de Alagoas, repetiu o ministro, se deu porque o estado é o mais violento do Brasil. “Esse é um plano que está acima das questões partidárias e políticas”.
O recado do ministro, novamente repetido, tem uma preocupação. Todos em Alagoas são a favor do plano, mas alguns temem seu uso político.
Por fim, o ministro lembrou que Alagoas foi escolhido como piloto, não como cobaia: “é um plano piloto porque vamos usar aqui ferramentas testadas, experiências que já deram certo em outros estados”. Seria cobaia – reforçou – se fossem usar o estado como laboratório para testar novas “ferramentas”.
Téo Vilela fez um discurso na mesma linha do ministro. Falou da sintonia com a presidente Dilma Rousseff, da “parceria” com Cícero Almeida e da necessidade de unir todos os alagoanos no mesmo objetivo: o de construir a paz.
O governador no entanto não parece querer carregar sobre os próprios ombros a responsabilidade exclusiva e o desgaste pela escalada da violência no Estado. Ele aproveitou o discurso para dividir o peso com Ronaldo Lessa, seu antecessor.
Fez questão de lembrar que nem sempre o Estado foi tão violento: “Em 1999 Alagoas tinha menos de 20 homicídios por 100 mil habitantes, um índice portanto abaixo da média nacional. Em 2006 esse índice estava acima de 50 homicídios por 100 mil habitantes”.
E mais: “quando eu assumi, em 2007, encontrei a segurança destruída, sem viaturas, sem armas. O setor era completamente desestruturado e o pessoal desmotivado”. Téo Vilela lembrou ainda que por conta desse “caos” chegou a pedir que o presidente Lula e o então ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, indicassem o secretário de segurança de Alagoas.
O governador só não fez citar o nome do seu antecessor, mas deixou claro que vai tentar dividir com Ronaldo Lessa – governador de Alagoas entre 1999 e 2006 – a fatura do desgaste que enfrenta na segurança.
Resta saber se o alagoano vai entender esse recado, só agora, cinco anos e meio depois.