O acordo secreto da Braskem em Maceió vem a tona: Intercept Brasil revela documentos
   28 de dezembro de 2023   │     22:12  │  0

Numa longa reportagem o Intercept Brasil, que faz jornalismo investigativo de alta qualidade,  trouxe à tona documentos que estavam até agora desconhecidos do público no caso Braskem em Maceió.

A empresa firmou mais de 18 mil acordos com as vítimas – antigos moradores dos bairros que afundam – Maceió com cláusulas consideradas abusivas. E tudo isso, segundo o site, com aval do Ministério público federal e do Ministério público do Estado de Alagoas.

Os documentos assinados entre a Braskem e as vítimas tinham uma cláusula de confidencialidade e por isso eram mantidos sob sigilo. Eram. O Intercept e conseguiu um contrato  revelando que a companhia passou inclusive a ter direito de processar os antigos moradores qur foram obrigados a deixar suas casas.

“O ACORDO SIGILOSO que a Braskem firmou com moradores atingidos pelo afundamento de cinco bairros em Maceió, resultado da extração de sal-gema na capital alagoana, contém cláusulas abusivas que blindam a empresa de culpa e abrem espaço até para processo contra as vítimas. A assinatura do documento era condição para que a Braskem indenizasse os moradores”,diz trecho da reportagem assinada pela jornalsita Nayara Felizardo.

O Intercept Brasil teve acesso com ao acordo sigiloso de um dos moradores. O documento tem algumas cláusulas padrão, que se repetem nos acordos com outras vítimas. Uma delas é a de confidencialidade. E teria sido graças a ela, que a empresa manteve vários termos abusivos em sigilo por quase quatro anos. Agora, com a reportagem do Intercept Brasil, os acordos serão conhecidos.

“Hoje, a Braskem é dona de quase todas as casas de suas vítimas, transferidas para a empresa após benevolentes negociações com o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Alagoas, a Defensoria Pública do estado e a da União. O primeiro resultado dessas conversas foi o Termo de Acordo para Apoio na Desocupação”, relata o Intercept.

“Entre outras coisas, ele (o acordo) permitiu que a posse ou a titularidade dos imóveis dos bairros afundados em Maceió ficasse com a empresa. Isso foi imposto pela Braskem como um “requisito essencial” para que ela aceitasse desenvolver ações de reparação de danos, entre elas a indenização dos moradores que perderam suas moradias.

E para piorar, o documento tem cláusulas que impedem as vítimas de processarem a Braskem “quaisquer que sejam os resultados das investigações” sobre as causas do afundamento dos bairros em Maceió. Se a pessoa indenizada não entregar todos os documentos para transferência de posse do imóvel à empresa, porém, elapoderá ser processada.

Leia aqui a reportagem :

LEIA O ACORDO SECRETO QUE BRASKEM FIRMOU COM VÍTIMAS EM MACEIÓ

Exclusivo: documento inédito revela cláusulas abusivas, que blindam Braskem de processos movidos pelas vítimas da tragédia em Maceió.
O ACORDO SIGILOSO que a Braskem firmou com moradores atingidos pelo afundamento de cinco bairros em Maceió, resultado da extração de sal-gema na capital alagoana, contém cláusulas abusivas que blindam a empresa de culpa e abrem espaço até para processo contra as vítimas. A assinatura do documento era condição para que a Braskem indenizasse os moradores.

Intercept Brasil teve acesso com exclusividade ao acordo sigiloso de um dos moradores. Ele tem algumas cláusulas padrão, que se repetem nos acordos com outras vítimas. Uma é a de confidencialidade. Graças a ela, a empresa manteve vários termos abusivos em sigilo por quase quatro anos – agora, eles serão conhecidos.

desastre ambiental ligado às atividades da Braskem foi descoberto em 2019, quando o Serviço Geológico do Brasil apontou que os tremores de terra sentidos pelos moradores do bairro de Pinheiro desde 2018, as rachaduras nos imóveis, as fendas nas ruas, os afundamentos e o surgimento de crateras foram consequência da instabilidade do solo, causada pela extração de sal-gema pela empresa na região da Lagoa Mundaú.

empresa se instalou em Maceió na década de 1970, ainda com o nome de Salgema Indústrias Químicas. Hoje, ela faz parte do grupo empresarial Novonor, da família Odebrecht, que detém mais da metade das ações da Braskem. A segunda maior acionista é a Petrobras, com 47%.

Devido à gravidade dos danos, cerca de 55 mil pessoas tiveram que deixar suas casas às pressas, à medida que o risco de desabamento se espalhava pelos bairros de Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. O colapso da mina 18, no início de dezembro deste ano, provocou novas desocupações e aumentou o mapa da área de risco em Maceió.

Hoje, a Braskem é dona de quase todas as casas de suas vítimas, transferidas para a empresa após benevolentes negociações com o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Alagoas, a Defensoria Pública do estado e a da União. O primeiro resultado dessas conversas foi o Termo de Acordo para Apoio na Desocupação

Entre outras coisas, ele permitiu que a posse ou a titularidade dos imóveis dos bairros afundados em Maceió ficasse com a empresa. Isso foi imposto pela Braskem como um “requisito essencial” para que ela aceitasse desenvolver ações de reparação de danos, entre elas a indenização dos moradores que perderam suas moradias.

 

Leia aqui a reportagem na íntegra

Leia o acordo secreto que Braskem firmou com vítimas em Maceió