Paulo fala sobre “poder” de Arthur e lembra operação da PF: “houve perseguição política”
   26 de dezembro de 2022   │     19:35  │  0

Para o governador Paulo Dantas (MDB) não há como dissociar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e a operação Edema. Realizada pela Polícia Federal, a investigação provocou seu afastamento do governo de Alagoas no segundo turno da eleição.

Durante 15 dias, o então candidato à reeleição “sangrou” e viu uma vitória que era tranquila se transformar em incertezas.

A reeleição, apesar de uma diferença mais “magra” em relação ao senador Rodrigo Cunha (União) no segundo turno na comparação com o primeiro, reforçou a liderança de Paulo Dantas. Seu grupo conseguiu fazer governo, Senado, metade da bancada federal, maioria folgada na Assembleia Legislativa de Alagoas, além de ter ajudado na eleição do presidente Lula, de quem é aliado de primeira hora.

Mesmo fortalecido, o governador terá pela frente a oposição de Arthur Lira, a quem atribuiu, em diversos momentos, influência na operação que resultou em seu afastamento do governo.

O poder do presidente da Câmara dos Deputados teria sido usado para contaminar parte da PF e, por consequência, induzir o STJ ao “erro”.

Paulo Dantas, no entanto, espera enfrentar – essa ao menos é sua avaliação – um Arthur Lira com “menos poder” daqui por diante.

Em entrevista ao jornal Estadão, o governador disse, nesta segunda-feira (26/12), que o presidente da Câmara dos Deputados terá menor influência no governo Lula do que teve no de Bolsonaro.

Segundo Paulo Dantas, o Brasil vive um momento de tensão e o presidente Lula está tendo cautela. Esse cenário justificaria o apoio a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados.

“Arthur Lira já saiu para essa disputa para a presidência da Câmara com uma larga vantagem. O presidente Lula precisa de ambiente no Congresso Nacional para aprovar as medidas que viabilizem seu governo. Foi sensato esse entendimento, que garantiu a aprovação da PEC do Bolsa Família”, disse.

O Estadão quis saber se “Arthur Lira será tão poderoso como era no governo Bolsonaro?” e Paulo Dantas respondeu que “Ele vai ter menos poder na era Lula”

“O presidente Bolsonaro tinha contra ele vários pedidos de impeachment e, ao contrário de Lula, muita dificuldade de diálogo com o Congresso Nacional. Lula é acessível, bem articulado, conversa com a política e tem bons projetos. O presidente eleito conhece as demandas regionais. Lula tem a sua bancada. Bolsonaro tinha uma bancada muito pequena. Quem concentrou todo o poder foi Arthur Lira, que terá bem menos poder agora”, explicou Paulo Dantas.

Edema

Na entrevista, o governador voltou a falar da operação Edema e reafirmou que “houve perseguição politica” de parte da PF.

“Eu critiquei e critico a atuação da Polícia Federal. Houve uma grande armação política com intuito eleitoral. Na passagem do primeiro para o segundo turno tivemos 300 mil votos de diferença. As pesquisas apontavam 60% das intenções de voto. Ganharíamos com facilidade, mas apertou muito com a Operação Edema. A delegada superintendente da PF foi para Alagoas substituir um delegado no dia 5 de agosto, véspera das convenções”, lembra Paulo Dantas.

O governador reforça: “A partir daí surgiram rumores de que haveria uma operação e que ela teria ido com essa missão. No dia 1° de outubro, o deputado Arthur Lira gravou um vídeo nas suas redes falando sobre a Operação Edema. Mas era uma operação sigilosa. No dia 10 de outubro, um dia antes da operação, o candidato nosso adversário convocou uma entrevista coletiva de imprensa para as 9 horas do dia seguinte, mas cancelou depois porque era muito escandaloso. A ministra Laurita Vaz foi induzida ao erro, mas o STF agiu e voltei ao governo, de onde nunca deveria ter saído”, afirma.

“Não estou acusando a PF, mas uma ala. Não sei de onde veio a ordem e não tenho como provar. Mas, depois da operação, eles concederam para nossos adversários informações da operação. Houve perseguição política”, disse ao Estadão.

Leia aqui na íntegra a entrevista de Paulo Dantas ao Estadão:
‘Arthur Lira terá menos poder na era Lula’, diz governador de Alagoas