Depois de protestos, governo apresenta projeto de passe nada livre
   27 de fevereiro de 2015   │     21:30  │  5

Sobrou, mais uma vez, para Renan Filho. Foi assim no caso da precipitada reabertura da Santa Mônica. Deu no que deu. Agora, quem está pagando ‘a fatura’ por conta dos protestos provocados pela ‘inflexibilidade’ do vice-governador e secretário da Educação é o governador.

Alguém já contabilizou quanto a economia de Maceió perdeu por conta dos protestos que resultaram no fechamento da Avenida Fernandes Lima? E o desgaste político que fica para um governo que autorizou o uso da força contra estudantes?

A PM mostrou-se, ao lidar com os protestos desta sexta-feira, 27, melhor preparada para o uso da força. O diálogo esgotou-se rapidamente.

Todo o processo foi motivado pela decisão da Secretaria de Educação do Estado que suspendeu transporte escolar em Maceió.

Luciano Barbosa revelou no Blog do Villar que a medida é saneadora: “o que havia era uma farra com o dinheiro público travestida de transporte escolar. Custava aos cofres públicos aproximadamente R$ 54 milhões por ano. Tem casos como Arapiraca, onde a municipalização reduziu a frota de 34 para 18 ônibus prestando um serviço superior e atendendo a mesma quantidade de alunos”.

O problema, no caso de Maceió, é que a SEE não ofereceu alternativas. E teve tempo para isso. Os contratos foram cancelados no primeiro dia útil do ano.

E se os protestos surpreenderam alguém, não poderá ter sido o secretário. Luciano Barbosa já havia sido alertado para a insatisfação que a medida provocou,como registrei aqui: http://wp.me/p2Awck-2if.

Passe nada livre

Após os protestos, o governo encaminhou, nesta sexta-feira, o projeto que cria o “passe-livre” para a Assembleia Legislativa. O “batismo” não foi dos melhores. Primeiro, que não haverá gratuidade para todos. O Estado vai pagar apenas pelo transporte dos estudantes da rede estadual. Segundo, porque os únicos beneficiados pelo projeto são estudantes que já tinham transporte gratuito.

O pior é que não terá controle da frequência dos estudantes, que poderão usar os passes para outros fins. E, algo mais complicado, não existem linhas de ônibus suficientes para atender todos os estudantes. Alguns terão que pegar dois ônibus ou andar muito até chegar a um ponto de parada.

Economia

Coube ao Secretário do Gabinete Civil, Fábio Farias, a missão de entregar, ontem, ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luiz Dantas (PMDB), “o projeto de lei que concede gratuidade nos transportes coletivos à estudantes do 6º ao 3º ano do ensino médio da rede pública de ensino de Maceió”.

De acordo com a Agência Alagoas, com a medida, “o Governo de Alagoas reduzirá em 50% os custos com o transporte de estudantes na capital, totalizando R$ 25 milhões por ano. O projeto será custeado por meio de recursos federais e parte do tesouro estadual”.

 Transtornos

O presidente da CUT/AL, Isaac Jackson, diz 9,5 mil alunos da rede estadual foram prejudicados com o fim do contrato de transporte escolar. Ele diz, no entanto, que a rede estadual de ensino tem hoje mais de 55 mil alunos.

 Queimando calorias

Experimentado na seara política, Luciano Barbosa deve saber certamente o que está fazendo ao romper contratos que estariam dando prejuízos ao erário. Ele sabe que no começo de gestão tem “calorias” que podem ser queimadas sem maiores riscos para a “saúde” do governo.Ainda assim, ele tem “chamado” muita gente para a briga. Resta saber se dará conta do recado e se terá energias para fazer a prometida “revolução” na Pasta que é tida como a mais importante do atual governo.

COMENTÁRIOS
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  1. Ivaneide Pinheiro

    Cancelar os contratos com as empresas de ônibus escolar, se estavam extrapolando seus limites, é válido. O que não é válido é o cancelamento, durante o período escolar, sem ter ainda em funcionamento o Passe Escolar. Deixou a classe estudantil sem opção para se deslocar a escola. Certamente Luciano barbosa mostra que é um bom xerife, mas um péssimo secretário de educação. Deve se recolher a seu papel de vice-governador e deixar a Educação para pessoa comprometida com a Educação. Acorda governador Renan Filho.

  2. Luiz Alberto

    Acredito que o atual governo não sabe os desafios de governar uma Alagoas. Acham que o estado são seus municípios que passam por uma verdadeira crise e sem qualquer transformação, inclusive na educação. Espero que não tenhamos que assistir um retrocesso – que parece se aproximar – em todas as áreas, inclusive na área prometida pela revolução. Vamos aguardar para ver.

  3. Augusto

    Parece que finalmente chegou à Secretaria Estadual de Educação profissionais com compromisso para fazer as coisas com um mínimo de seriedade. Todos sabem das farras com o erário público que existe ali. Diversos setores aplicam os recursos de maneira a beneficiar certas empresas de deputados ou de seus laranjas, como transporte, setor de engenharia, contratação de consultorias etc.

    Apenas por curiosidade, de quem é esta empresa de segurança que patrocinou a bagunça na Fernandes Lima???

    1. Funcionária Pública

      Augusto é tão bom quando a gente fala sobre o que sabe: esse acumulador de cargos é um ditador: chegou na SEE achando ( e o Renam deixando) fazer o que bem entende, sem pensar nas brechas que está deixando: são 360 vigilantes DESEMPREGADOS, inúmeros alunos que iam de ônibus, agora (ainda estão!!!) sem transportes…O que Ele está fazendo é mesma coisa e/ou pior que os antigos gestores: tirando dos mais necessitados, para, com toda certeza colocar no bolso de quem já tem até demais..

  4. Há lagoas

    É desproporcional o desafio, uma coisa é a pasta da secretária de educação de Arapiraca, outra é a secretaria de educação do Estado.
    O atual secretário da pasta pode ser um dos melhores gestores – em se tratando de nosso pobre Estado – mas fica devendo no quesito humildade.
    Diz um proverbio bíblico: “A soberba precede a queda”.

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