Energia: em rota de colisão com o Planalto, Renan bate boca com ministra da Casa Civil
   30 de maio de 2013   │     17:49  │  3

A turbulência entre setores do PMDB e o governo Dilma Rousseff está cada vez maior e pode levar o presidente do Senado, Renan Calheiros a se distanciar do Palácio Planalto.

Depois do desgaste que enfrentou na semana passada (ao permitir na versão da oposição a humilhação do Senado) ao colocar em votação a MP dos Portos, faltando poucos horas para a medida caducar, Renan decidiu cumprir a promessa de só votar medidas que cheguem a Casa com 7 dias de antes do vencimento.

Independência, como disse Renan Calheiros na promulgação da PEC das domésticas, tem seu preço. E ele parece decido a pagar a fatura. Tão decidido que bateu de frente com a mulher mais poderosa do governo, depois de Dilma Rousseff.

O senador bateu boca com ministra a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, porque foi firme numa decisão que era não apenas dele, mas de todo o Senado.

A própria Dilma Rousseff chegou a defender a posição de Renan Calheiros. O Senador trabalhou para assegurar a votação dento do prazo. Mas, apesar do seus esforço, é certo que a partir de agora – com os ânimos exaltados – as relações não serão mais as mesmas.
PT e PMDB precisam aparar as arestas, do contrário, vai sobrar problemas e desgastes para todos os lados.

 

O Bate boca de Gleise e Renan

O texto a seguir, com o diálogo ríspido entre o senador e a ministra é de O Globo, de hoje:

 BRASÍLIA – A relação conflituosa do governo com setores do PMDB chegou nas últimas horas ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), por causa da sua decisão de não votar a MP da redução das tarifas de energia elétrica. Irritada com essa decisão, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, atropelou Renan e passou a negociar diretamente no Ministério das Minas e Energia uma solução alternativa, provocando uma reação do presidente do Senado. A terça-feira terminou com uma conversa duríssima da ministra com Renan, que não aceitou ser atropelado e desligou o telefone. Na quarta-feira, o clima era de guerra, e o vice-presidente Michel Temer teve de entrar para tentar apagar o incêndio.

Na véspera, enquanto Renan negociava à tarde com os líderes uma saída honrosa, Gleisi tentou uma solução por outros caminhos. Por volta das 19h, Renan recebeu uma ligação de Gleisi, e o clima ficou pesado. Quando ele começou a falar do resultado da reunião, ela cortou:

— Não precisa mais! Já acertei tudo o que vamos fazer com a Marta Lyra (chefe da assessoria parlamentar do Ministério das Minas e Energia).

— Como assim, acertou com a Marta Lyra? A senhora enlouqueceu? Está confundindo as coisas, não está entendendo a dimensão do que é o Legislativo! — reagiu Renan, travando um diálogo áspero e desligando o telefone.

Ainda na quarta-feira, Renan voltou a alertar:

— Eu fiz questão de indicar soluções. Mas as pessoas que estão próximas à presidente Dilma precisam ter dimensão do funcionamento das instituições.

Mesmo com o acordo sendo anunciado no Planalto, o clima entre os aliados no Senado era de tensão durante todo o dia de ontem.

— Teve uma ligação da Gleisi muito ruim para o Renan. Ela peitou, e ele desligou o telefone — contou um líder que participou das negociações.

— Foi um telefonema num tom muito firme. Mas, como são dois senadores, nada que tenha passado dos limites — confirmou um ministro.

‘Algo não está bem’

Depois de falar com a imprensa, Gleisi se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), quando, segundo relato de interlocutores, ela tentou culpar Renan pela queda da MP da energia, mas Dilma lembrou que ele foi firme na votação da MP dos Portos e estava querendo ajudar.

Ao longo da quarta-feira, Renan participou de várias reuniões com colegas do PMDB — os senadores Vital do Rêgo (PB) e Romero Jucá, e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) — e com o líder do PTB, Gim Argello (DF). À noite, o grupo foi dizer a Temer que não existe articulação política e apelou a ele para que interceda junto à presidente.

— Houve um estresse. Mas a presidente, para nossa satisfação, reagiu de forma muito positiva e disse que entendia a posição do Renan, que ele foi fundamental na MP dos Portos — disse Vital depois da reunião com Temer.

No Planalto, interlocutores de Gleisi tentaram minimizar a crise. Justificavam que ela foi surpreendida terça-feira, enquanto negociava com líderes, pela fala de Renan de que não votaria a MP da energia.

— Não estou aqui para tapar o sol com a peneira, há uma realidade que temos que enxergar, temos de cuidar dela. Não é possível, com 420 deputados da base, não conseguir colocar 257 em uma sessão decisiva. Tem que se buscar razões, tirar lições para não passar nas próximas por esse vexame. Não adianta dizer que está tudo bem, porque algo não está bem — analisou o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).

 

 

COMENTÁRIOS
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  1. Deivisson Sobral

    A Presidente tem um estilo duro de governar e escolheu pessoas sem o tato da articulação política, isso tem dificultado as relações com o legislativo. Isso acontece as vésperas de uma elição, imagine quando Dilma vencer ano que vem, pois ninguém vai bater ela, sem precisar fazer campanha nos proximos 4 anos, como será o tratamento dado ao congresso? #dilmachateada

  2. fred

    SENADOR POR FAVOR CADE A PEC DOS POLICIAIS CIVIS E MILITARES, VAMOS COBRAR DO SENHOR ATÉ A MORTE, E AI, MIM RESPONDA.

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