O ‘apartheid’ salarial dos servidores de Alagoas
   26 de junho de 2015   │     23:37  │  3

De novo ‘pego carona’ no leitor para expressar aqui o que penso da distorção salarial existente entre servidores do estado: inadmissível, injustificável.

Por conta de ‘direitos adquiridos’ e de uma legislação capenga ou de ações judiciais, o Estado mantém ás custas dos contribuintes uma verdadeira casta de privilegiados, enquanto a maioria amarga salários irrisórios.

O mesmo estado que banca servidores morando em mansões e sendo transportados por carros de luxo, guiados por funcionários pagos com o dinheiro público, mantém na miséria milhares de servidores cuja remuneração é, ainda hoje, inferior ao salário mínimo.

O aumento linear de salários aprofunda o fosso e consolida o apartheid salarial existente na máquina pública. Inadmissível!

Uns com tanto, outros com quase nada.

Um estado justo reduziria as diferenças salariais. Que lei é essa que dá a um servidor o direito de receber R$ 30 mil, enquanto outros ganham míseros R$ 700? Não são todos servidores públicos?

Delegado, como “revela” a leitora que assina como “Alagoana”, não trabalha sem agentes ou chefes de serviço. E o que faria um coronel se não existissem soldados, cabos ou sargentos?

Da mesma forma, médico não trabalha sem enfermeiro ou sem auxiliar de enfermagem. Cada servidor tem seu peso, sua importância e todos são pagos com  dinheiro público. Porque então tantas diferenças, tantos privilégios?

O “povo” está longe dessa discussão e não participa das decisões.

Talvez por isso as ‘castas’ cuidem de aumentar, escondidos em suas salas bem servidas por um penca de assessores, cada vez mais seus privilégios e nem se preocupem em saber como  são tratados seus ‘patrões’ – os contribuintes – nos hospitais, postos de saúdes, escolas, delegacias, tribunais, fóruns, gabinetes…

Deixo um questionamento para todos, especialmente para aqueles que foram escolhidos pelo povo para representá-lo: não seria hora de promover uma verdadeira arrumação nessa ‘casa’, reduzindo as distâncias salariais e promovendo uma reforma administrativa voltado aos interesses da sociedade?

O desabafo da leitora

Reproduzo o comentário da leitora “Alagoana” e faço minhas suas palavras:

Caro Edivaldo,

Muitas pessoas devem ficar questionando o porquê dos policiais civis ficarem constantemente em campanha salarial… Eis o motivo! Profissionais com o mesmo nível de escolaridade (nível superior), têm que amargar uma das maiores disparidades salariais do serviço público: o salário dos delegados de Alagoas é um dos melhores do Brasil, quase equivalente ao de um Delegado Federal, enquanto o dos Agentes e Escrivães é penúltimo pior do país.

Esse verdadeiro “APARTHEID” salarial é extremamente desmotivante, sendo que um Delegado não trabalha sozinho. um documento não chega na sua mesa para assinar se um Agente não fizer uma diligência, ou um Escrivão não o elaborar. Todos são policiais e igualmente importantes, por isso, merecem valorização. O Delegado tem como uma de suas atribuições a supervisão, então merece sim ganhar mais, só que deve haver um equilíbrio e não esse abismo.

Fico feliz que pelo fato dos policiais estarem lutando pra ter um salário melhor, isso mostra que querem viver do seu salário e de forma honesta. Assustador é quando um policial não liga para o baixo salário que recebe…

COMENTÁRIOS
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    1. Alagoana

      O texto do jornalista Edivaldo Júnior foi muito bem escrito e de fácil compreensão, mas para ajudar ao colega leitor na sua pergunta onde está implícita sua opinião vamos lá: Não “É pra agente, soldado e enfermeiro receber igual a delegado, coronel e médico”, mas sim para haver uma diferença salarial menos absurda. Em qualquer outra unidade da federação esse abismo salarial é mais equilibrado que em Alagoas.

      É lógico que quem por força da atribuição do seu cargo tenha mais responsabilidade ganhe mais, no entanto, essa diferença não pode ser gritante a ponto de se criar um verdadeiro sistema de castas, pois essa discriminação tem um efeito semelhante a um assédio moral.

      Não estamos na Índia, mas no Brasil e precisamos de um serviço público com profissionais que se sintam valorizados para que assim possam superar as dificuldades estruturais e deem o melhor de si para a população, pois essa sim é o verdadeiro “patrão” de todos nós, quer sejam os felizardos e os seus justos salários, ou os mártires e seus parcos vencimentos.

      1. Alagoana

        Mais ainda assim haveria quem usasse o fraco argumento: “ah, se quer ganhar tão bem quanto um delegado, coronel e médico, estude e faça concurso para se um…”

        Então quer dizer que se eu tiver vocação pra uma agente, soldado ou enfermeira terei que ficar condenada a sempre ser mal remunerada? E se eu achar que sou mais útil para a população sendo uma agente, soldado ou enfermeira? E se eu quiser me especializar e estudar muito para continuar exercendo minha profissão com maestria e atendendo bem ao povo como o povo merece?

        Eu estudo e quero continuar estudando muito para continuar exercendo a profissão que abracei e para a qual me dedico. A população precisa e merece agentes, soldados e enfermeiros bem qualificados e com remuneração compatível e justa.

        Manter salários injustos não vai atrair pessoas qualificadas e que queiram continuar e ganhar experiência.

        Menos egoísmo, mas objetividade com foco no bem maior que é a população.

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