Parceria entre Grupo JL e Bob Lyra não deve avançar, avaliam empresários
   27 de junho de 2013   │     19:19  │  0

A possibilidade de parceria entre os empresários Robert Lyra, da Delta Sucroenergia, e João Lyra, presidente do Grupo JL, continua no campo do sigilo.

Mas a possibilidade desse negócio vingar parece cada vez mais remota. Estou em São Paulo participando do Ethanol Summit, encontro internacional sobre o setor sucroalcooleiro. Aqui conversei com vários empresários alagoanos. Nenhum acredita nessa possibilidade.

“Não há sinal de que algo desse tipo vá acontecer”, me disse um importante emprsário do setor.

A Delta Sucroenergia também mantém silêncio em torno da questão. Depois de emitir uma nota sobre o assunto há quase dois meses, o empresário Robert Lyra, que também é sobrinho de JL, silenciou.

O empresário João Lyra também não se manifestou mais sobre a questão, desde a nota que publicou em abril deste ano. Eu consultei as assessorias dos dois grupos, que também informaram não ter “nenhuma novidade”.

Avaliação

Desde que as negociações foram tornadas púbicas, em abril deste ano, uma equipe de técnicos da Delta Sucroenergia foi deslocada para Alagoas para fazer um levantamento  da situação das usinas do grupo João Lyra. Esse levantamento foi concluído em maio passado e ficou faltando apenas o entendimento entre Bob e JL.

Advogados, agrônomos, engenheiros e contadores trabalharam para fazer um diagnóstico das empresas e para definir um plano de viabilidade para as cinco usinas do Grupo.

A propostas inicial seria de arrendamento. A Delta Sucronenergia assumiria o controle das empresas, negociando os pagamentos com os credores do Grupo JL, cuja dívida é estimada em mais de R$ 1,2 bi.

Até agora a questão tem sido tratada como uma “parceria” em notas oficiais tanto por Bob Lyra quanto por João Lyra, o que indica que o acordo a ser feito pode ser o arrendamento das cinco usinas –duas indústrias de Minas Gerais e três de Alagoas – com opção de compra.

Leia a nota do grupo JL divulgada no dia 23 de abril

“A presidência do Grupo João Lyra, através do empresário João Lyra, em conjunto com a presidência do Grupo Delta Sucroenergia, através do seu presidente Robert Lyra, vem à público informar que estão em avançado processo de negociação e que poderão em breve anunciar ao mercado a conclusão desta parceria. João Lyra, presidente do Grupo JL”.

Leia a nota da Delta, divulgada no 1º de maio

“Desde o dia 19 abril, conforme nota assinada pelo Presidente do Grupo JL, estamos discutindo a formatação de potencial parceria entre nossas empresas.

As negociações nunca foram suspensas e seguem no ritmo esperado em negócios com essa complexidade.  Reafirmamos o nosso integral compromisso com a ética, respeito às Instituições, à sociedade, ao mercado e, especialmente, a todos os que fazem o Grupo JL. Robert Lyra -Presidente Delta Sucroenergia.

Um crise que afeta 3 empresas e mais de 10 mil empregos em Alagoas

O mercado especula que Bob Lyra pode assumir o comando  de todas as cinco usinas do Grupo JL. São três unidades em Alagoas (Uruba, Guamuxa e Laginha) e duas em Minas Gerais (Vale do Parnaíba e Triácool). Somente em Alagoas as empresas são responsáveis pela geração, hoje, mesmo com a crise, de mais de 10 mil empregos diretos.

O controle seria assumido por Bob através de arrendamento, transferência do controle de 50% mais um das ações do Grupo JL. Os detalhes não foram revelados.

A crise financeira que afeta o Grupo João Lyra, que já foi um dos maiores do Brasil, se agravou a partir de 2008, quando o empresário fez um pedido de recuperação judicial (antiga concordata) para negociar dívidas com bancos – inclusive internacionais. O valor do débito é desconhecido. Só com um banco da Inglaterra passa dos US$ 70 milhões. A dívida total, incluído débitos com fornecedores, passaria de R$ 1 bilhão.

A parceria com Robert Lyra, que vem negociando com João Lyra, segundo pessoas ligadas aos dois empresários, desde fevereiro deste ano, poderá estacar a crise  no grupo e marcar o começo da recuperação das empresas em Alagoas e Minas Gerais.

Há quem diga que o maior interesse de Robert seria assumir, de imediato, o controle das duas usinas Minas Gerais, onde a Delta já atua. Como não foram fornecidos maiores detalhes essa hipótese continua no campo da especulação.