No final dos anos 1970 o Brasil iniciava o Proalcool. A resposta brasileira à crise mundial do petróleo se transformou no maior programa de energia renovável do mundo.
O que poucos sabiam, até ontem a noite, é que os responsáveis pelo sucesso do Programa do Alcool foram empresários de e técnicos de Alagoas.
Homenageado nesta quinta-feira a noite, no prêmio Top Ethanol, em São Paulo, por empresários do setor sucroalcooleiro de todo o país, José Carlos Maranhão, diretor da Usina Santo Antônio, de São Luiz do Quintunde, AL, ajudou a consolidar o Proalcool no Brasil.
Ele foi escolhido como presidente da Associação Nacional dos Produtores de Álcool. “Naquela época os fazendeiros paulistas que começavam a produzir cana eram pecuaristas que não conheciam do assunto e foram me buscar em Alagoas”, lembra Maranhão.
Como presidente da Associação, Maranhão percorreu São Paulo e o Brasil promovendo o programa do álcool e esteve algumas vezes, na nos anos 1980, com o então presidente João Figueiredo e com o ex-ministro da Fazenda Delfim Neto.
“Eu sempre ia acompanhado do Cândido Toledo (já falecido) que fazia a parte técnica. Onde a gente chegava explicava as vantagens do programa e logo a produção de cana ganhou força em todo o país”, lembra.
Depois de “ensinar” paulista a produzir cana e álcool, José Carlos Maranhão deu, ao receber o prêmio, mais uma lição aos produtores de cana de São Paulo e de outros estados que estão participando do Ethanol Summit, encontro internacional que acontece até esta sexta-feira em São Paulo.
Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o líder empresarial de Alagoas fez uma referência ao tema que dominou os debates no encontro: a crise de mercado que afeta o setor canavieiro do país.
“Eu ia terminar minhas palavras falando do passado, mas depois de ver e ouvir tantas pessoas falar de crise eu queria dizer que num livro sobre a história do setor sucroalcooleiro no Brasil o economista Celso Furtado registra que a primeira crise da cana aconteceu em nosso país no ano de 1590. Desde então, temos convivido sempre com algum tipo de crise e sempre seguimos em frente. O que digo hoje é que devemos continuar sem medo: crise se vence com determinação e trabalho, muito trabalho”, disse Maranhão que foi –após essas sábias palavras de um homem de 73 anos – aplaudido com entusiasmo.