Um novo modo de discriminar os alagoanos e nordestinos em São Paulo
   19 de novembro de 2012   │     14:55  │  23

Passei a semana fora de Alagoas participando de uma missão técnica do leite no Canadá. O retorno foi por São Paulo, neste domingo, com conexão no aeroporto mais movimentado do Brasil, o de Guarulhos. Lá descobri quase ao acaso o quanto o nordestino, especialmente o alagoano, continua sendo discriminado.

Foi o professor Eduardo Setton. Nos encontramos no Café, antes do embarque. Com um desabafo ele registrou para o nosso grupo: “o nordestino continua sendo tratado como pobres coitados por essas companhias aéreas. Nossa área de embarque é sempre nesse galinheiro”.

Explico: o que Setton chama de galinheiro é o setor de embarque de Guarulhos que vai dos portões 1A ao 1I.  São nove portões, portanto, localizados no subsolo do aeroporto numa pequena área, com poucas cadeiras, banheiros e um café.

É comum ver as pessoas sentadas no chão ou em pé nessa área de embarque, pois são muitos voos saindo para um espaço tão pequeno. Não por mera coincidência todos os voos que saem do local são do Nordeste: Alagoas, Sergipe, Ceará, Rio G. do Norte e Maranhão, principalmente.

O embarques para os Estados mais ricos do país normalmente é feito no piso principal do aeroporto, onde os passageiros tem melhor acomodação e opções para compras e alimentação.

“Eles sempre tratam nordestino assim. Vou escrever para a TAM e pedir as estatísticas dos voos que saem dessa área de embarque. Temos que denunciar isso”, desabafou Setton, que além de professor da UFAL é também secretário de Ciência e Tecnologia.

Depois do que ele me falou, parei para olhar um pouco em tudo ao redor e puxei pela memória. De todas as viagens que fiz a São Paulo nos últimos anos ,o embarque sempre foi pelo “galinheiro”. Me lembro de ter embarcado na área “vip” duas ou três vezes ao pegar conexão, na ida, de voos para Brasilia ou Estados do Sul.

Talvez façam isso porque o nordestino ainda não tenha aprendido a exigir seus direitos, talvez porque eles achem que nós somos todos analfabetos e comedores de farinha com rapadura, retirantes da seca, “uns pobres coitados”.

Mas talvez façam isso porque a gente ainda permite, apesar de sabermos o quanto é sábio e valoroso o povo nordestino. Devemos portanto aprender a protestar, a dizer NÃO. O nordestino precisa aprender a exigir tratamento igual a todo brasileiro. Não só no aeroporto, mas nos gabinetes de Brasília, nos programas federais, nas políticas e oportunidades de desenvolvimento.

COMENTÁRIOS
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  1. Jollington nascimento dos santos

    Isso nunca irá acabar se os nordestinos ficarem caladinhos e submissos , precisamos acionar o mistério público e exigir puniçoes adequadas e indenização e cadeia para esses tipos de pessoas que se acham superior a nós nordestinos , temos ai o ministério público se a cada xingamento a cada discriminação você e eu procurasse a justiça essas coisas já teria acabado.

  2. LUIZ

    CARO EDVALDO

    VIAJEI MUITO PARA O NORDESTE DO PAIS, E UTILIZAVA BASTANTE ESTE

    AEROPORTO, ISSO NUNCA MUDOU.

  3. S.A. DE LIMA

    O GRUPO TOLEDO JUNTO COM OS OUTROS DOS USINEIROS SUGARAM MUITO OS COFRES DA SEFAZ,ESGOTARAM OS SOLOS ALAGOANOS,QUE DIGA-SE DE PASSAGEM TÊM ALTAS DECLIVIDADES,TORNANDO-SE ONEROSOS A EXPLORAÇÃO COM INVESTIMENTOS ALTOS PARA APLICAR EM CORRETIVOS E PRÁTICAS NÃO MECANIZADAS EM SUAS USINAS,ADOTANDO,ASSIM MÃO DE OBRA MANUAL,O QUE IMPLICA EM ALTOS CUSTOS.MAS,EM CONTRAPARTIDA O QUE ESTA CATEGORIA DE USINEIROS LEVARAM PARA OUTROS ESTADOS EM TERMOS DE DOLARES TIRADOS DOS COFRES DO ESTADO E DO SUOR DOS ALAGOANOS NÃO ESTÁ NA NOSSA HISTÓRIA PARA OS MAIS JOVENS ALAGOANOS.

    1. felipe serra

      Meus caros leitores, concordo com Edivaldo; todos nós nascemos nu, isso já mostra que não somos diferentes o difere são as atitudes;mais o povo nordestino é discriminado sim!mais francamente falo com toda convicção esses que descriminam são uns infelizes;quanto ao aeroporte não percebi ! por que já sofri descriminação sim ! sou piauiense!!!

  4. LSAraújo

    É preciso ter cuidado para não fazer com que nossas palavras não se tornem tendenciosas e que elas façam a cabeça de outras pessoas. Dizer que os tais portões de embarque são para todos os nordestinos e, principalmente alagoanos, não é bem verdade. Vivi a minha vida inteira em Alagoas, mas hoje moro em São Paulo e, todas as vezes que viajo para Alagoas, sempre, disse sempre, embarco ou no portão 19 ou 21, nunca por estes portões citados na matéria. Sempre que viajo é pela GOL e nunca embarquei por estes tais portões. Conversando com um colega aqui em São Paulo, ele mesmo me relatou que já foi para Porto Alegre e embarcou por estes portões que foram citados na matéria. Ao meu ver, essa matéria nem deveria ter sido publicada, foi totalmente escrita sem que se fosse averiguado os fatos.

  5. Adriana

    Secretário, parabéns pelas suas colocações. Entendo bem o que o senhor falou: ” Durante a minha vida profissional e pessoal tive várias vitórias e também muitas derrotas. Posso afirmar que as vitórias foram quase sempre recheadas de muita dificuldade e de um sacrifício até desproporcional meu pessoal e das minhas equipes pelo fato, sim, de estarmos trabalhando para o Nordeste e para Alagoas”.

  6. Amigo do Povo

    Eduardo, não tem nada a haver, não existem sutiliezas, existe sim é um aeroporto caótico e a ideia em sua cabeça que nordestino e sempre sacaneado.

  7. Eduardo Setton

    Caro Edivaldo e demais leitores, quero em primeiro lugar reiterar e reforçar esse papo que tive com o Edivaldo e que ele, naturalmente escreveu e deu a visão e opinião com o olhar dele sobre o processo que é compatível sim com o que penso. Morei or mais de 1993 a 1999 no Rio de Janeiro, tenho muitos amigos e devo boa parte da minha formação e historia de vida a interação com grandes brasileiros de todas as regiões do país. Acho que nosso problema está sempre em radicalizar, quase sempre generalizando, comentários e opiniões. Frequento o referida sala de embarque há alguns anos e só fui percebendo essa sutileza aos poucos. Claro que existem voos para o Paraná e outras regiões do país. Mas em todas as vezes que passei por lá, observei que a estatística era desproporcional. Posso até estar enganado mas a sensação é de que não estou. Para os que me conhecem mais de perto sabem sempre fui reatiivo a aceitar e ficar ressaltando esse tipo de preconceito o tempo inteiro porque concordo com um dos leitores que diz que isso gera ainda mais discriminação. No entanto, não há como não deixar de observar isso em determinadas situações. Durante a minha vida profissional e pessoal tive várias vitórias e também muitas derrotas. Posso afirmar que as vitórias foram quase sempre recheadas de muita dificuldade e de um sacrifício até desproporcional meu pessoal e das minhas equipes pelo fato, sim, de estarmos trabalhando para o Nordeste e para Alagoas. Assim como algumas, apenas algumas (não estou generalizando), derrotas se deverão sim a este fato. E Tanto nas vitórias, quanto nas derrotas ambos os casos foram minoria, mas aconteceram. Fruto de uma questão cultural e cultura não se muda da noite para o dia. É um processo. O país está evoluindo mas ainda falta muito. E parte dessa evolução se deve a nossa luta e sobretudo a não aceitarmos essas coisas como uma fatalidade. Reforço ainda que me preocupa ainda, desde de bobagens que vão como a sala de embarque de um aeroporto como em grandes decisões políticas que definem os rumos do país ainda existe sim, uma discriminação velada, que faz com que as brutais diferenças regionais no país ainda existam e vão existir ainda por um bom tempo. No entanto, cabe a cada um de nós trabalharmos o dia todo e todo dia para mudar esse cenário. Depende de nós. Edivaldo, parabéns pela matéria. Acho que pelo rico debate que está sendo criado aqui e pelo número de pessoas que curtiram mostra que nosso papo no café não foi irrelevante. Acho que todos os comentários e principalmente as críticas sempre enriquecem muito o processo e nos faz pensar. Isso é muito importante. Grande abraço

  8. saulo mendes

    Quantos comentários querendo mostrar que o nosso povo é realmente, merecedor de tal descriminação? O que o excelente secretário e grande cara Eduardo Setton está dizendo é VERDADE. A regra é essa e não me venham com conversinhas. Setton é um cidadão do conhecimento e do mundo sabe o que está dizendo. Sempre os destinos e volta, do nordeste é por aqueles portões. Isso em que pese o “nordestino” Lula, ter governador o Brasil por 8 anos, e inventou ministerio para tudo, inclusive o da Igualdade Racial.
    Aqui comento a opinião do S.A. MENDONÇA
    A questão aí dos usineiros, acho que a gente não tem que se incomodar: eles estão sendo convidados a levar suas usinas para Minas, Espirito Santo, São Paulo e Goiás, com tapete vermelho e tudo. Dou como exemplo o Grupo Toledo, que aqui sempre trabalhou com dificuldades, agora no centro-sul, está em situação muito boa. A questão é que o Brasil, desse tamanho todo, só tem três produtos exportações de peso. Dois deles são as “comodities” Açucar e Etanol. A outra eu nem sei.
    Setton, cuidado que aqui em Alagoas, excluem o cara, com inteligência acima da média.
    Querer dizer que não há discriminação com nordestino em Sampa , é demais…

  9. Carioca

    Concordo plenamente com o jornalista. Não vamos tampar o sol com a peneira! Existe discriminação SIM. E muito forte. Porém não partem de todas as pessoas. Quanto as Comissárias de bordo dos vôos que se destinam ao Nordeste/Norte também as feições e tratatamentos são decriminatórios SIM. Os nordestinos, por serem mais humanos, sofrem!

  10. Marcelo

    Sem entrar no mérito da notícia, apenas estranho o título, “Discrimanação para alagoanos e nordestino…” Por acaso alagoano não é nordestino? Fica esperto Edvaldo…

  11. antonio

    não concordo. há vários voos para o Paraná, Pará, ou seja, diversos lugares. Sempre peguei voos para Vitório no Espirito Santo, também por ali. o Voo da TAM que sai de Guarulhos pela manhã com destino a Maceió é pelo Finger. Comentário não corresponde a realidade, demonstrando a própria inferioridade ao externar fato não existente.

  12. Marcos

    Realmente o embarque deixa a dejesar, porém, não tinha observado o destino para o nordeste. Dia 11/11/2012, retornei de Florianopólis/SC e houve a conxão em Guararulhos/SP e realmente o embarque no no tal portão 1A e muita gente ficou em pé por quase 1h até o bendito embarque. Não sei se realmente trata-se de discriminação a nordestinos, porém, realmente o serviço prestado é nesse setor do aeroporto e apoio qualquer movimento para melhorar o embarque seja de quem for independentemente da região do país. Sou alagoano nato e natural de Arapiraca-Al, minha cidade querida aonde nasci, apesar de seu problemas hoje, principalmente na segurança e saúde, porém aonde ando e vou não nego minhas raízes, sou de Arapiraca-AL, hoje terra do ASA, gigante! abraços a todos!

  13. S.A.MENDONÇA

    MINHA GENTE,AMADA DAS ALAGOAS NÃO É PARA MENOS UM POVO MEDIOCRE COMO O ALAGOANO QUE DEIXA SER DOMINADOS POR USINEIROS,ESSES SIM, SÃO OS DONOS DO ESTADO, SONEGANDO IMPOSTOS E TÊM MUITOS PRIVILÉGIOS EM SÃO PAULO E DENTRO DO CONGRESSO NACIONAL.O ALAGOANO É BURRO POR NATUREZA E DE NASCENÇA.

  14. Djalma

    Concordo plenamente com o Juan. O exemplo do cinema foi perfeito. Ademais, acredito que isso já é um complexo que o nordestino tem. Ora, se não fosse para voos do nordeste seria para outro lugar do Brasil, daí seriam eles discriminados? Se você não se acha inferior/diferente de um grupo de pessoas, não percebe tratamento desigual onde não existe. Claro, existe discriminação contra o nordestino, mas não creio que o exemplo dado pelo Blog seja um deles. Acontece que o nordestino é muito hospitaleiro – deriva-se da era colonialista -, trata turista como rei e acha que será tratado da mesma maneira ao visitar suas cidades; quebra-se a cara. Na maioria das grandes cidades do mundo, ninguém percebe você, não tentam te ajudar, nem ligam se você está tendo alguma dificuldade e, muito menos, qual sua naturalidade.

  15. LUIZ SANTOS

    Isso tudo é bobagem

    Já não existem muitas coisas a serem debatidas colocam a discriminação como Highlights para que seja debatido e até mesmo cultuado no meio em que isso se dissemina, em breve falarão das aeromoças em voos do nordeste!

  16. Betânia Canuto

    Penso que existe um certo exagero nisso tudo, afinal, embarca não só nordestino, mas, turistas, inclusive Paulistas, que vem conhecer o Nordeste. O que falta é uma boa reforma nos aeroportos, como o Sr.Juan falou “há uma demanda maior” e não há uma preocupação em reformular o terminal de forma que ele possa dar melhores acessos, maior conforto aos passageiros

  17. Amigo do Povo

    Não concordo com o Sr., Guarulhos é caótico e eu já fui para a Argentina pelo mesmo portão e tendo que andar até a aeronave. Concordo com a primeira frase do Sr. Juan.

    No RJ cheguei várias vezes do RS pelo portão 0 (é pior do que o 1 de SP é pela carga).

    AMigo pense grande e não de ouvidos a complexados. Tenho certeza pelo que leio neste blog e na sua coluna que isto o Sr. não é.

  18. Juan

    Caro Edvaldo…. acredito que a maior discriminação parte sempre de quem se acha discriminado, numa forma de minimalismo sempre que se encontra em locais (cidades, estados, paises) com maior desenvolvimento. É assim quando brasileiros viajam para o exterior, ou quando o caipira vem do interior para a capital, qualquer que seja. A melhor forma de não se sentir discriminado é, obviamente, olhar para a própria cultura, suas raizes, sua terra e valorizar isso, com sentimentos verdadeiros, não se deixando-se abater por comentários medíocres ou vislumbramento daquilo que pode estar à frente. No caso específico, há de concordar que, as pontes de embarque já funcionavam para os principais aeroportos – ainda quando não havia esta demanda de voos para o nordeste – , e nada mais justo que os primeiros a chegar pegassem os melhores acessos. Foi assim com a American Airlines, Tap, Varig, JapanAirlines…entre outras, e, já naquela época, em detrimento as menores – Vasp, Linhas Argentinas…. Tentem ver por esta prisma e dá pra entender que não se trata de “discriminação”. Cheguem atrasados ao cinema, e vcs sentarão em frente à tela, não é mesmo:? Desta forma, e certo de que me faço entender pelo meu ponto de vista; o que vcs dizem “discriminação em São Paulo” não demonstra a realidade do que descrevem, uma vez que é pontual seu assunto e sua conversa com Seton. Trata-se tão somente do acesso a um portão de embarque num determinado aeroporto. Não acredito que tenham sido discriminados no taxi, na lanchonete, no restaurante, nem mesmo no ônibus. Até pq ninguém perde tempo em saber quem é nordestino, alagoano, khomeini, slobodan ou qualquer outra cultura de qualquer outro canto do mundo. Abraço.

  19. Michael

    Sempre foi assim caro Edvaldo, realmente Guarulhos que já é uma zona se torna mais problemático ainda quando se trata o embarque de nordestinos, mas isso é típico de São Paulo, aliás nós sempre fomos uma pedra no calçado deles, afinal eles montaram toda a cidade com trabalhadores do Sudeste, idolatram o carnaval do Sul, o São João do Centro Oeste, as músicas do Rio de Janeiro e por ai vai …

  20. GIL

    Não podemos exigir um tratamento melhor , se os própios nordestinos, não se valoriza,quando chega nas cidades do sul negam que são do nordeste e quando falam que é nordestino dizem que são Baianos, se não nos respeitamos , como vamos pedir que nos respeitem.

  21. Jose Fireman

    Muito bem observado Edivaldo realmente é raro você encontrar aquele setor vazio e não existe acomodações para todos sendo comun você ver pessoas sentadas no chão.

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