Uma longa noite para Lessa e os dias de incertezas para o Chapão
   31 de julho de 2012   │     2:23  │  0

Lembro de Ronaldo Lessa em 1982, deputado estadual pelo MDB, ao lado de Selma Bandeira, Eduardo Bomfim e Mendonça Neto. Era a oposição, a nova força política regida pelo menestrel das Alagoas, o “velho” Teotonio, que bradava por mudanças, num Brasil marcado a ferro e fogo pela ditadura militar.

Cada um teve destino diferente. Cada um desses personagens construiu ou constrói trajetória de sucesso profissional ou político.

Com Lessa não foi diferente. Em 86, liderou a Frente Popular como candidato a governador. Perdeu. Mas voltou em 88 como vereador, em 92 como prefeito de Maceió. Em 98 e 2002 foi eleito e reeleito governador.

No governo Lessa repetiu os mesmos gestos que marcaram o começo sua trajetória como líder político. Ele não tinha meias palavras. E assim sua língua ajudou a aumentar a sua coleção de inimigos e desafetos.

Vítima – dizem – de sua própria acomodação e de intrigas políticas e judiciais que arrumou durante os dois mandatos de governador, Lessa perdeu a eleição de senador em 2006.

Em 2010 surpreendeu ao sair candidato ao governo pelo chapão – uma ampla frente partidária de oposição a Téo Vilela (ironicamente o candidato que ele ajudara a eleger quatro anos antes). Lessa perdeu, dizem, por uma semana. Se a eleição demorasse um pouco mais, ele ganharia – segundo versão corrente de líderes políticos de todas as correntes.

As eleições deste ano surgiram como uma oportunidade de recomeço, uma nova chance na vida Ronaldo Lessa. De novo ele conseguiu unir – com a ajuda de líderes experientes a exemplo de Renan e Collor – o chapão. Mais do que isso, avançou ao fechar o apoio do prefeito Cícero Almeida.

Líder nas pesquisas, com o apoio de uma ampla frente política, Lessa teria novamente o caminho da vitória traçado – um percurso que a partir de agora só dependeria dele próprio percorrer. Ao menos é isso que pensam seus aliados mais próximos.

Seria então, penso, um “sonho” que de repente virou pesadelo.

Antes mesmo de começar a caminhada pra valer, um novo tropeço, um grande baque.  O registro de sua candidatura foi indeferido por conta de um, digamos, vacilo. Uma multa que foi  paga fora do prazo e está formado um novo imbróglio.

Imagino, portanto, que esta noite e os próximos dias serão de incertezas para Lessa e o chapão. O advogado apresenta recurso dentro de três dias e o julgamento será feito, em segunda instância pelo TRE até 21 de agosto.

Serão dias de incertezas e de muitas expectativas.  Não só para o chapão, mas também para as outras sete coligações que tem candidatos a prefeito de Maceió.

Com Ronaldo “sangrando” por conta da insegurança jurídica, as apostas contra e a favor vão aumentar a cada dia até que saia uma decisão final.

A Lessa só restará manter o ritmo de campanha e torcer por uma decisão rápida. Porque nesses caso quanto menor o tempo, menor a dúvida e, acreditem, melhor será o sono.