Reagir à discriminação, baixar a cabeça ou ter vergonha de ser nordestino?
   24 de novembro de 2012   │     0:57  │  7

Quase ao acaso vi surgir um bom debate neste blog essa semana ao registrar o desconforto de ver alagoanos e outros nordestinos discriminados no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O embarque que sobra para quem toma o rumo de alguns estados do Nordeste é o “galinheiro”, área no subsolo com poucas cadeiras e acomodações desconfortáveis, onde a maioria dos passageiros tem de ficar em pé.

O texto provocou opiniões discordantes. Uma delas diz “que a maior discriminação parte de quem se acha discriminado”.

Fosse assim os homossexuais estariam calados até hoje. Ou não foi o movimento organizado, o protesto nas ruas, que deu direito a vários segmentos? No Brasil – e não só no Brasil – as pessoas são discriminadas por causa da cor da pele, do tamanho do bolso ou da condição social.

Eles não admitem, mas ainda hoje é possível ver muitos racistas acuados, gente que fala dos negros com preconceito, mas finge ser politicamente corretos.

Dá para ver no olhar de alguns paulistas e cariocas o desprezo pelos nordestinos. Na maioria das vezes, é verdade, eles também fingem ser politicamente corretos. E nesses casos, também podemos fingir que acreditamos.

Mas não dá para deixar de registrar que os nordestinos são discriminados – e não só no aeroporto de Guarulhos.

O Nordeste também é discriminado na distribuição de verbas federais e até em questões aparentemente simples como o horário de verão. Com toda a tecnologia existente hoje, porque os bancos que operam na nossa região tem que funcionar no mesmo horário de São Paulo?

Já imaginou se fosse o contrário? Quem consegue ver um paulista ou carioca correndo porque a agência bancária vai fechar uma hora mais cedo, por conta de mudança de horário no Nordeste?  E a programação de TV, o horário do avião?

Vejam o caso de Alagoas: é o estado mais pobre o país e mesmo assim o governo quase socialista de Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula cobra do nosso Estado a maior taxa (15% da receita corrente líquida) de pagamento da dívida com a União. São mais de R$ 50 milhões por mês a menos para o Estado.

Devemos sim ter orgulho da nossa cultura, bradar ao mundo que somos nordestinos e alagoanos. Mas sempre que houver algum tipo de discriminação, creio, ela deve ser no mínimo denunciada.

Protestar, reclamar, exigir os nossos direitos. Melhor esse “desconforto” do que baixar a cabeça ou fazer de conta que “to nem aí”.

Não precisa ter orgulho nem vergonha de ser isso nem aquilo. Precisamos apenas lembrar que somos todos iguais perante a lei. Todos! Inclusive os nordestinos e, para tornar ainda mais específico, os alagoanos.

COMENTÁRIOS
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  1. jose antonio dos santos

    E ter que escutar e ler nos meios de comunicação que este PROJETO DA ZONA AZUL não é uma vergonha, um assalto da gestão pública desmoralizada, no final de governo deixa uma herança maldita para a população. Por mais que tenha realizado obras na cidade, segundo o Ministério Público, a corrupção campeiou, LIXO DE OUR0, OSCIPS, COFRE DA SECRETARIA DE FINANÇAS, ONIBUS de informática, MERENDA ESCOLAR, etc. Cadeia neles!

  2. LSAraújo

    Os psicólogos falam que somos nós mesmos que nos colocamos para baixo e nos inferiorizamos, utilizando-nos da auto-sabotagem e baixa auto-estima. Ninguém é melhor do que ninguém e ninguém é pior do que ninguém. Para Deus, somos todos iguais. Que há discriminação, isso é inegável. Existem de fato pessoas medíocres que tem preconceito de cor, raça, opção sexual, religião, condição social e econômica e de região. Dou um exemplo: existem pessoas de Maceió que têm preconceito contra pessoas do interior, que chamam estes de “matutos”. Quem não lembra do ano 2000, quando o ASA estava na final contra o CSA e os jogadores do ASA e a população de Arapiraca eram inferiorizados ao serem chamados de matutos? Preconceito de nordestino contra nordestino, de alagoano contra alagoano. No que diz respeito à recursos, é inegável que o governo federal irá investir nas regiões que são mais industrializadas, já que elas são as que fazem o PIB no país ser mais elevado. Cabe aos governantes das outras regiões saberem fazer com que as empresas queiram se instalar por lá, dê incentivos fiscais. Cito como grande exemplo disso o estado de Pernambuco, que evoluiu bastante durante o governo de Miguel Arraes. Tudo depende de nós mesmos, nós é que devemos correr atrás e não esperar que caia do céu.

  3. Souza

    A discriminação existe e é real. Mas hoje mais pelo esteriótipo que se criou do que por qualquer outra coisa. Somos a região que mais cresceu na última década, mas para mudar anos e anos de descaso há muito chão pela frente. Contudo, temos que renovar nossos quadros na área política imediatamente; se não investirmos forte em educação, nosso povo não sairá da condição social que vive hoje e teremos que importar empregados…ficando a maioria da população com os empregos marginais e sazonais. Só a educação libertará nossa gente das amarras dos coronéis que ainda insistem em dominar nossa política…contudo, como melhorar a educação se a classe média (formadora de opinião), esta em um abraço vil e mortal com a classe política dos coronéis?? É uma sinuca de bico.

  4. daniel araujo da silva

    não sou alagoano mais como já vivi mais da metade da minha vida em alagoas me sinto alagoano de coração. amo esta terra e fico indiguinado quando vejo alguem descriminar alagoano e nordestino. pois tambem sou nordestino. e mais irritante é ver alguns alagoano descriminando seu propio estado.

  5. Amigo do Povo

    Continuo a não concordar com o Sr. Minha famílida nunca foi discriminada, eu nunca fui ainda mais sendo alagoano.A grande verdade é que durante anos a favelização de São Paulo, RJ e MG foi feita por mão de obra Nordestina que vieram para as grandes obras como Metrô, isto foi sazonal, mas uma movimentação humana em grande escala sempre geram problemas, proncipalmente o de moradia e o pós obra. Vejam, qual o percentual de população Nordestina da Rocinha, Alemão ? . Voces ja foram no antigo apvilhão de São Cristovão no RJ ? Se houvesse o que o Sr aqui coloca, so teria nordestino lá, mas isto não é verdade. Por outro lado o Sr. , que ja pertenceu a classe Governante, sabe muito bem o que fez um Suruagy, O que fez um Mano, um Beltrão e outros que levaram o Estado a falência inúmeras vêzes. Que eu saiba o Estado atualmente é de oposição ao Governo Federal (PSDB), com uma parte socialista apagada, com o governo dominado pela elite sucro-alcooleira, com enorme passivo em segurança, saúde e educação, seus deputados, prefeitos , vereadores e Cia são omissos, e como o são. Que projeto foi apresentado ? Penso que eu so vi ultimamente , foi aquele do empréstimo de 10 Bi. Desculpe, mas esta sua colocação, mais parece com um tombo malicioso do jogador prodígio do Santos. Acredito que grandes figuras Alagoanas do passado e atuais não concordariam com esta sua idéia.

  6. CALABAR

    FALAR DE DESCRIMINAÇÃO SOFRIDA HÁ ANOS POR NÓS NORDESTINOS EM ESPECIAL ALAGOANOS,É UMA SITUAÇÃO POR DEMAIS CONSTRANGEDORA SEM UM PODER DE REAÇÃO PRINCIPALMENTE POR PARTE DE NOS ALAGOANOS.POVO DA MINHA TERRA TENHAM SENTIMENTO NATIVISTA E ORGULHO DE TER NASCIDO NUMA TERRA DE ILUSTRES PERSONAGENS QUE MARCARAM AS ARTES A CULTURA A MEDICINA E O CIVISMO.VOU CITAR ALGUNS COMO:DEODORO,FLORIANO,VISCONDE DE SINIMBÚ,AURELIO BUARQUE,ARTHUR RAMOS,NISE DA SILVEIRA,HECKEL TAVARES,IB GATO,GUMARÃES PASSOS,CACÁ DIEGUES,HERMETO PASCOAL,DJAVAN PONTES DE MIRANDA,ZAGALO E TANTOS OUTROS ILUSTRES ALAGOANOS.TENHAM ORGULHO DESSAS NOSSAS BELEZAS, POUCO ENCONTRADA NO BRASIL E NO MUNDO.DEFENDAM SEUS DIREITOS E SEUS SENTIMENTOS DE ALAGOANO.NÃO DEIXEM ESSES ACULTURADOS E MEDÍOCRES SULISTAS ZOMBAREM COM NOSSA CARA REAGE MEU POVO!!!!!

  7. Graceolsson

    Eu sou brasileira, nasci no interior de Alagoas e vivi 22anos em Maceió . Hoje, n a Suécia e com dupla cidadania, nunca me envergonhei das minhas origens. Nunca menti sobre o meu Estado

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