Revolta do Vinagre foi prevista há um no Senado por filósofo
   26 de junho de 2013   │     20:31  │  1

Não foi por falta de aviso. Definitivamente não foi. A fadiga do cidadão com os serviços públicos ineficientes, com o aumento de gastos de todos os poderes e principalmente com a perda de perspectivas no futuro do Brasil são sentimentos que pairam, de há muito, em todos os lares, em todas as ruas.

As manifestações – contra tudo e contra todos – mostram, mais do que a descrença nos partidos e nos políticos,  um novo jeito de defender a mudança. Nas ruas, o povo perde o medo e aprende a lutar por um novo Brasil, que atenda as expectativas de sua população.

Essa nova forma de luta, sem lideranças fortes e centralizadas, sem partidos ou sem entidades, no entanto já era prevista por filósofos e outros pesquisadores, a partir dos modelos de luta e organização popular em outros países.

Há quase um ano o filósofo Vladimir Safatle previu a possibilidade desse modelo, como revela o texto a seguir, da Agência Senado.

Filósofo teorizou sobre ‘Revolta do Vinagre’ há um ano em simpósio no Senado

O modelo de manifestação que há 20 dias toma o país, assim como a onda de questionamentos ao sistema político e eleitoral, foram objeto de uma profética e detalhadaanálise pelo no dia 30 de julho de 2012, em seminário realizado no Senado. O Fórum Senado Brasil 2012, realizado no auditório do Interlegis, reuniu pensadores franceses e brasileiros para “avaliar a primeira década do século 21 e pensar o futuro”.

Safatle, professor de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) abordou durante sua palestra, e o debate que se seguiu, movimentos que estavam então em grande evidência, como a Primavera Árabe e os Indignados da Espanha, além das marchas contra a corrupção registradas no Brasil em 2011. Na opinião do estudioso, esses movimentos representavam uma ruptura inevitável em um sistema político que havia se distanciado do povo.

Naquele momento, Safatle já contestava os que buscavam qualificar esses grupos como despolitizados e vazios em termos de propostas, além de vinculados a um tipo de mobilização virtual. “Acho muito inteligente da parte deles o fato de quererem discutir. E não é verdade que não têm uma pauta, só não querem se submeter ao velho jogo partidário, no qual é preciso dizer ou deixar de dizer algo por conveniência” , advertiu.

“O direito fundamental de todo cidadão, mesmo em estados liberais, é o direito à rebelião. A insubmissão é uma virtude, não um defeito,” afirmou o professor, que, na tarde desta quarta-feira (26), ministrou uma aula a manifestantes que se concentravam no Museu da República, em Brasília, antes de seguirem para o Congresso Nacional.

Safatle também falou sobre os episódios de violência que acompanharam muitas das novas manifestações

“É preciso observar que a maior parte das maneiras legais de agir foram estabelecidas para que nada mude”, denunciou.

Outros pensadores presentes ao fórum expuseram ideias sobre as mudanças vertiginosas provocadas pelo advento da sociedade da informação e da interatividade via internet.

Para o cientista político Sérgio Paulo Rouanet, a política “não precisa mais do mito”. Recordando ao público a célebre frase do poeta russo Vladimir Maiakóvski “só a verdade é revolucionária”, Rouanet disse compreender a importância do carisma como agregador de expectativas, mas recusou a necessidade do messianismo.

A prescrição da internet  e da democracia direta como remédios para sanar os problemas do sistema político representativo foram considerados uma ilusão pelo professor de filosofia política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Renato Lessa. “O Egito é uma prova de que não é o Facebook quem vai democratizar a sociedade“, disse Lessa.

Agência Senado (Nelson Oliveira)

Nos Lins a seguir você pode ler mais opiniões de Vladimir e de outros cientistas sobre os movimentos populares.

Vladimir Safatle: ‘os partidos perderam a função’

‘Não precisamos mais do mito na política’, diz Rouanet

‘O Facebook não vai democratizar a sociedade’, diz cientista político no Senado

 

COMENTÁRIOS
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  1. Luíz Santos

    só quem não sabia que isso eclodiria são as pessoas
    que tem o habito de leitura igual a um bula por quinzena

    uma das coisas que o brasileiro deveria protestar é contra a própria acomodação e falta de leitura frequente.

    é lamentável um blog vim dizer que um filósofo já tinha previsto isso.

    esse tipo de problemas enxergamos naa 8ª série

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