Enquanto o Grupo João Lyra busca uma saída para espantar o fantasma da crise, a partir de um acordo empresarial que está sendo negociado pelo deputado federal João Lyra (PSD-AL), presidente do grupo, e Robert (Bob) Lyra, presidente da Delta Sucroenergia, outras usinas de Alagoas agonizam.
Das 24 usinas de Alagoas, pelo menos metade enfrenta dificuldades para manter seus pagamentos rigorosamente em dia. Um especialista no setor explica que as dificuldades são decorrentes de um conjunto de fatores: “a crise mundial derrubou os preços do açúcar no mercado mundial, o preço do etanol está atrelado a gasolina e não sobe há oito anos e,para complicar, no caso alagoano, veio a seca que reduziu a produção estadual em cerca de 15%”.
Algumas usinas de Alagoas, como se sabe, ainda enfrentam o agravante de não ter acesso ao crédito bancário, por falta de CND (Certidão Negativa de Débitos).
“Nesse cenário, a única forma de crédito é a venda antecipada de açúcar para as tradings. O problema é que a safra ficou menor, os caíram e os custos aumentaram. Somente nesta safra que acabou agora as perdas do setor ficaram acima de R$ 400 milhões. Por isso, as empresas terão dificuldades para honrar seus compromissos em dia”, adverte.
Assim, anote aí, além do Grupo JL, outras usinas do estado já enfrentam problemas para pagar fornecedores de cana e do comércio. Algumas empresas estão parcelando o pagamento e prorrogando alguns vencimentos para a próxima safra.
Empresas do setor que decidiram prorrogar os pagamentos tentam negociar prazos mais elásticos até com trabalhadores: “se não for assim, as empresas não terão como honrar seus compromissos, mas o importante é que todos os compromissos serão honrados”.
Em outras palavras, segundo esse especialista, o que as empresas vão fazer é compartilhar as dificuldades: “as empresas vão pagar, mas só poderão fazer isso a partir de operações financeiras no mercado ou terão de aguardar o início da próxima safra”.
O peso do setor
No estado o setor sucroalcooleiro é o mais importante da economia, com faturamento acima de R$ 2 bilhões safra, produção de mais de 24 milhões de toneladas de cana e geração de mais de 100 mil empregos diretos e indiretos durante a safra.
Qualquer crise nas usinas pode – e deve – provocar estragos na economia do estado.
Nomes aos bois
Essa semana o presidente da Associação dos Plantadores de Cana, Lourenço Lopes, ameaçou nominar as usinas que estão devendo aos fornecedores de cana. “Se as empresas não apresentam uma proposta de pagamento vamos denunciá-las”, avisa. Segundo ele, mais de 30% dos 7,4 mil fornecedores de Alagoas estão prejudicados pelos atrasos das usinas.